O novo grupo de gestores que assumiu a Amil esse ano se vale de uma antiga estratégia de comunicação: marketing positivo para cobrir o que tem de negativo. Até aqui, nada demais.
Todavia, temos visto certas notícias que, embora representem boas iniciativas, não se mostram tão fiéis assim com a realidade.
Como o nosso papel é desmitificar a saúde suplementar, essas meias-verdades não passarão despercebidas.
Hoje, o assunto será a Célula de Conciliação, anunciada no Saúde Business como iniciativa inédita entre as operadoras. Não é.
Várias entidades de saúde mantêm núcleos de conciliação, seja no Departamento Jurídico, junto à Ouvidoria, no Departamento de Cobranças ou mesmo no Setor Regulatório (aquele que cuida das reclamações na ANS). Participei de vários. Em todos eles o objetivo é dialogar com o cliente, para conciliar.
A própria Amil, em 2014, organizou uma importante Célula de Mediação, idealizada pelo brilhante Alfredo Cardoso e arquitetada em dados construídos pela equipe do Professor Falconi. O coordenador foi o Dr. Vinicius Mota, que trouxe um resultado expressivo para a companhia.
Então, hoje não há nenhum ineditismo na conduta e seria injusto, como de fato foi, esquecer o esforço dos envolvidos na criação daquilo que seria, de fato, a primeira Célula de Mediação no setor.
Portanto, vamos concordar que a Célula de Conciliação da Amil é uma retomada, ou um relançamento, ou uma reciclagem da anterior. Mas, aí, que repercussão essa manchete teria, né? Que realeza emprestaria aos novos donos? Bem menos.
De toda forma, a providência é aplaudível. Qualquer coisa que tenha a finalidade de aproximar o consumidor de soluções é bem-vinda. Se recheada com a verdade, melhor ainda. Só espero que as meias-verdades se limitem à manchete do assunto.
Artigo de Elano Figueiredo, ex-diretor da ANS e fundador do Justiça e Saúde.
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