Quando divulgo os resultados das Unimeds, mesmo que sendo apenas um espelho do que a ANS publica, sou bastante criticado. É como se os envolvidos na crise não aceitassem os números que eles mesmos produzem.
Então, tenho aprimorado o olhar e tentado ser cada vez mais objetivo. Hoje, novamente, vou me limitar a simplesmente indicar os números públicos da ANS (Power BI). Não é informação privilegiada. Qualquer um acessa. O que faço é apenas facilitar o entendimento.
Todos os dados a seguir são referentes ao acumulado operacional do 3º trimestre de 2024 (última informação publicamente disponível). Versam sobre receitas das mensalidades menos custos administrativos, fiscais e assistenciais.
Assim, vamos passear pelas Unimeds de todas as capitais do Nordeste, que antes era considerado o principal reduto do movimento cooperativo de saúde.
Comecemos pela campeã dos prejuízos. De novo ela. A Unimed Recife apresentou resultado negativo acumulado de R$ 42 milhões.
Estamos anunciando objetivamente o desastre, há muito tempo. A Unimed Recife acumula resultados negativos, seguidos, desde o 2º trimestre de 2021. São quatro anos passados e a operadora não esboçou nenhuma reação. E a ANS calada. Depois tem que se defender quando a acusam de omissão, de só agir quando a “vaca foi para o brejo”.
Em segundo lugar, temos agora a Unimed Teresina, com déficit operacional de R$ 24 milhões.
Unimed Natal e Unimed Maceió estão em empate técnico, com prejuízo acumulado no patamar de R$ 18 milhões. A alagoana preocupa muito mais, porque tem menos clientes – praticamente a metade da carteira da potiguar. Isso significa que o prejuízo percapita é o dobro. Só não sei se o que deveria preocupar mais seriam os números da Unimed Maceió ou o arcaico perfil de gestão da Unimed Natal. Difícil escolher. Daí o empate.
E aí vem uma surpresa esperada. A gigante Unimed de Fortaleza, um ícone do sistema cooperativo de saúde no país, está em queda vertiginosa. Parece que a operadora virou um banco e só ganha dinheiro com juros. Sua operação de fato está deficitária em R$ 16,6 milhões.
Na capital São Luís, as Unimeds que lá atuam são a Nacional e a Maranhão do Sul. A CNU já falamos bastante que está numa situação desesperadora, com o endividamento na casa dos bilhões. A Maranhão, por sua vez, apresenta prejuízo de “meros” R$ 7 milhões.
Até João Pessoa, símbolo histórico da Unimed do Nordeste, está enfrentando déficit de R$ 0,6 milhões. Meu Deus!
Quem se salvou entre todas foi apenas a Unimed Aracajú. Teve superávit de R$ 4,5 milhões. E tenho que comentar: fez milagre e não sei como. Saiu de um dos piores resultados históricos no 2º trimestre desse mesmo ano de 2024, quando apresentou prejuízo de quase R$ 15 milhões. Se não foi um ajuste contábil, a cooperativa está realmente de parabéns. Não seria fácil saltar de (–)15 para (+)5, em 3 meses. Não estou duvidando, só registrando que os números falam por si. Mas deve ter explicação sim.
Ranking final:
OPERADORA | RESULTADO DA OPERAÇÃO (R$) |
Unimed Recife | - 42 milhões |
Unimed Teresina | - 24 milhões |
Unimed Natal | - 18 milhões |
Unimed Maceió | - 17 milhões |
Unimed de Fortaleza | - 16,6 milhões |
Unimed Maranhão do Sul | - 7 milhões |
Unimed João Pessoa | - 0,6 milhões |
Unimed Aracajú* | + 4,5 milhões (positivos) |
Enfim, senhoras e senhores, esse é o raio-x atual do sistema Unimed no nosso Nordeste. Aposte quem quiser.
Sou Elano Figueiredo, ex-diretor da ANS, especialista em sistemas de saúde e fundador do Portal JS.
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