A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) aprovou uma importante alteração nas regras para ativos garantidores das operadoras de planos de saúde. A nova medida, que eleva o limite de aceitação de imóveis de 20% para 50% como garantia, visa oferecer mais flexibilidade financeira às operadoras. A decisão foi tomada durante a 612ª Reunião de Diretoria Colegiada da ANS, ocorrida no dia 27 de setembro.
Segundo a XVI Finance, a decisão tem um impacto bastante relevante no setor. Em um primeiro momento, proporciona maior liquidez e incentiva o processo de verticalização, permitindo o acesso aos recursos financeiros para a construção e investimentos em recursos próprios.
Existe a leitura de que a medida possa beneficiar, em maior proporção, as Operadoras de grande porte, pois são as que possuem mais imóveis e capacidade de verticalização. Como referência, 88% do total de imóveis disponibilizados utilizados como Ativos Garantidores delas e isso representa atualmente o montante de R$ 2,1 bi.
Nesse sentido, o Ministério da Fazenda (Secretaria de Reformas Econômicas) emitiu parecer contrário à ampliação do percentual de imóveis.
Mas, para os analistas da XVI Finance, "a medida é bastante positiva para que as Operadoras ampliem investimentos, inclusive via Fundos Imobiliários, direcionando de forma bastante evidente que a estratégia dominante é a da verticalização para a sustentabilidade do setor."
Ao meu sentir, acho que o referido parecer está distante da realidade das pequenas e médias operadoras, especialmente as Unimeds. Dizer que a flexibilização da garantia através de imóveis atende mais às grandes operadoras é desconhecer o tamanho da necessidade das pequenas quanto à liberação de ativos.
Ora, ao passo em que Hapvida, Sulamérica, Bradesco, Unimed BH e Porto Seguro, entre outras grandes, estão bem alavancadas, com dinheiro em caixa e operação positiva, as operadoras de menor porte, enfrentam enormes dificuldades financeiras, inclusive quanto ao capital de giro imediato.
Assim, numa análise de quem está atrás da mesa, apenas olhando números frios, pode imaginar que quanto mais imóveis, maior o benefício, mas não é verdade. Tem uma fila de planos pequenos sonhando em aliviar a pressão de seus caixas com a oferta do imobilizado em garantia. Por outro lado, será que os valores de ativo vinculados às grandes operadoras hoje realmente lhes fazem falta?
Então, com todo respeito aos técnicos da Subsecretaria de Acompanhamento Econômico e Regulação do Ministério da Fazenda, a ANS andou bem demais ao aprovar a alteração do cenário. Agora é esperar se a ferramenta será utilizada adequadamente pelos gestores dessas operadoras.
Com informações da XVI Finance, Elano Figueiredo, ex-Diretor da ANS, especialista em sistemas de saúde, fundador do Justiça e Saúde.
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