Chamou atenção a publicação, esta semana, de uma notícia na coluna Capital, do O Globo, da chegada, em São Paulo, de um modelo de negócio que se propõe a ser uma alternativa aos planos de saúde tradicionais.
De acordo com o criador do negócio, o pernambucano Sérgio Bivar, nome à frente do movimento político batizado de Livres, trata-se de um modelo que funciona por assinatura que dá descontos a consultas em telemedicina e exames, além de seguro para cobrir internação hospitalar.
“Eu acho importante esclarecer que não se trata de um plano de saúde e nem de uma alternativa a ele. É uma espécie de cartão saúde. Eu verifiquei o modelo proposto pela Exmed, e nada mais é do que um marketplace. Ou seja, é um cartão de saúde, cuja mensalidade sugerida, a partir de R$19,90, dá direito ao consumidor de ter direito”, explica o advogado e especialista em sistemas de saúde Elano Figueiredo.
A ironia na fala de Elano tem motivo. É que apesar de não ser contra a ideia do cartão de saúde ou de benefícios, que por sinal está em fase de estudos para passar a ser regulamentado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), ele não acredita ser justa a venda desse tipo de modelo como plano de saúde ou alternativa a ele.
“Cartão de saúde é bem diferente de um plano de saúde e o consumidor tem que tá bem consciente do que se trata para aderir. O cartão de saúde recomendo para o beneficiário que não tenha condições de pagar um plano em sua integralidade e tenha consciência que ele vai aderir a um sistema de descontos. Nele, ele vai pagar consultas e exames de saúde mais barato do que pagaria no particular, mas não deixa, porém, de ser particular, apenas terá os descontos. E que, se ele for internado, ele não terá direito a um tratamento integral, como ele tem no SUS ou quando paga um plano de saúde”, complementa.
De acordo com Elano Figueiredo, que pesquisou em detalhe as informações disponibilizadas pelo Exmed, o cartão de saúde funciona basicamente ofertando a telemedicina e com uma rede assistencial de parceiros para realização de procedimentos médicos e hospitalares.
“Uma consulta que custaria R$400 sem o cartão, com o cartão, o consumidor pagaria R$150. Não deixa de ser um ganho, mas independente disso, é importante ressaltar que isso não é uma alternativa aos planos de saúde, mas à saúde suplementar”, pondera o especialista.
Isto porque, segundo Elano, nem de longe, esse cartão de saúde vai oferecer a mesma coisa que os planos de saúde oferecem. “Existe toda uma engenharia social por trás do sistema dos planos de saúde, justamente por trazer um serviço integral. Na edição da lei dos Planos de Saúde, o governo optou por trazer um serviço integral exatamente para o beneficiário pagar uma mensalidade e ter um atendimento integral, não segmentado”, pontua.
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