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Crescimento de terapias contínuas é desafio para saúde suplementar


Entre 2019 e 2023, houve aumento significativo no número de beneficiários entre 0 e 15 anos atendidos por terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, psicólogos e fisioterapeutas. Esses tratamentos de longa duração, de acordo com análise do Mapa Assistencial da Saúde Suplementar da ANS, representava 5,24% em 2019, e subiu para 9,41% em 2023. 


Além disso, tanto os procedimentos realizados quanto às despesas com esses atendimentos nessas quatro categorias apresentaram crescimento. A análise indica que, nos últimos cinco anos, houve aumento de beneficiários nessa faixa etária atendidos pelos quatro grupos profissionais; de procedimentos realizados nessas quatro categorias; e de despesas com esses atendimentos. 


Os resultados podem ter correlação com o crescimento de diagnósticos de pacientes com transtornos do neurodesenvolvimento no Brasil no mesmo período, conforme dados da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do mais recente Censo Escolar brasileiro, divulgado em fevereiro pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).


Essa parcela dos clientes representa cerca de 20% de todos os beneficiários do setor. A análise da ANS focou nos tratamentos continuados, que geralmente são indicados para pacientes com transtornos do neurodesenvolvimento, incluindo consultas e sessões com os profissionais mencionados.


Os dados evidenciaram que a maioria dos atendimentos realizados por terapeutas ocupacionais e fonoaudiólogos foram prestados a clientes até 14 anos, enquanto nos atendimentos com psicólogos e fisioterapeutas, a maior parte foi para a população acima dos 15 anos. 


O estudo indicou um aumento expressivo no número de beneficiários atendidos pelas quatro categorias, especialmente por terapeutas ocupacionais, que tiveram um crescimento de 217% em relação a 2019.


"Se, de um lado, temos o avanço do diagnóstico e das alternativas terapêuticas, que ajudam no melhor desenvolvimento desses pacientes, de outro também temos abusos e desperdícios, prescrições desnecessárias, que impactam sobremaneira no custo dos planos de saúde. Muitos profissionais passaram a enxergar essa nova realidade das terapias como uma oportunidade, um cheque em branco. Uma pena", comenta o advogado e especialista em sistemas de saúde Elano Figueiredo. 


Para a ANS, o levantamento revela a importância de qualificar o debate sobre a melhoria da atenção à saúde de pacientes com transtornos do neurodesenvolvimento na saúde suplementar, visando aprimorar a qualidade da assistência e os serviços prestados pelas operadoras e prestadores de saúde.

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