Análise do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS) revelou uma preocupação crescente para o setor da saúde suplementar no Brasil após a crise sanitária provocada pela pandemia da Covid-19. Para os planos de saúde, as crianças gastam mais que os idosos quando se leva em consideração o aumento da Variação dos Custos Médico-Hospitalares (VCMH).
De acordo com o estudo, a faixa etária entre 0 e 18 anos apresentou uma elevação de 32,7% na variação da despesa per capita nos 12 meses até setembro de 2023. A título de comparação, a VCMH dos beneficiários de 59 anos ou mais (última faixa de agrupamento de planos de saúde) foi de 7,8% no mesmo período.
Nos diversos grupos de despesas de operadoras, o IESS destacou o crescimento dos custos em Outros Serviços Ambulatoriais (OSA), que engloba atendimentos profissionais de fisioterapeutas, psicólogos e nutricionistas, entre outros de nível superior não-médicos. Em setembro de 2023, foi registrado crescimento de 9% no custo médio dos serviços e de 26,6% na frequência de utilização, comparativamente aos 12 meses anteriores.
Outro destaque, e que demonstra uma correlação entre os efeitos da pandemia nesse grupo etário, está no grupo Terapias, cujo custo médio aumentou 3%, enquanto a frequência cresceu 63,8%. Por outro lado, o estudo relata o crescimento menos intenso no grupo Consultas (altas de 7,7% no custo médio e de 4% na frequência de utilização) e no grupo de Exames (aumento de 4,7% na frequência de utilização, enquanto o custo médio teve resultado negativo de 0,9%).
Sobrepeso infantil, devido ao sedentarismo no período da pandemia da Covid-19, assim como o crescimento do diagnóstico de transtornos, como do Espectro Autista, que demandam terapia contínua, são apontados como as principais causas para essa elevação do custo na primeira faixa.
Segundo o IESS, considerado o fato de os planos de saúde estarem baseados no princípio do mutualismo, no qual os beneficiários mais saudáveis e os mais jovens subsidiam parte dos custos dos menos saudáveis e mais idosos, isso tende a ser um dos principais desafios do setor em um futuro não muito distante.
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