A Agência Reguladora dos planos de saúde anunciou que realizará audiência pública nessa próxima segunda-feira, para discutir com a sociedade temas sensíveis sobre os valores dos serviços do setor, inclusive forma de reajuste, coparticipação, franquia e plano ambulatorial.
Mas os torcedores do Caos Futebol Clube já gritaram. Sem nenhuma solução em mente, dizem simplesmente que a medida é ruim. Parece que não querem ir para lugar algum. Devem pensar: se tá ruim agora, deixa assim; vamos ver o setor quebrar e aí a gente escolhe alguém para culpar. Como sempre.
Impressionante a capacidade de alguns para só criticar, sem dar nenhuma solução. E absurdo o espaço que eles conseguem em determinados veículos nacionais, com enorme contaminação do pensamento da sociedade.
Citando o IDEC, O Globo já anunciou em manchete que a ANS quer emplacar um reajuste extraordinário dos planos individuais. Imagino que, para a fonte, a Agência funcione como o Irã lançando mísseis atômicos contra os consumidores. É o Irã defendendo o Hezbollah - os planos de saúde. Impressionante a necessidade de uma narrativa do mal contra o bem.
O Correio Braziliense, mais contido, aponta as resistências que as propostas enfrentarão, mas conclui que a audiência pública é importante para colher as mais diversas opiniões dos diferentes setores da sociedade. Ok, bem mais sóbrio.
Mas, até quando continuaremos estimulando o consumidor a encarar o mercado como uma dicotomia, do lucro contra a doença? Até quando vamos reprimir iniciativas de debate? Quem vai começar a trazer soluções, ao invés de intimidar os que se propõe a isso?
Trago essa reflexão porque já vivenciei situações curiosíssimas nesse sentido, em que surgiam ideias numa mesa de regulação, mas alguém lembrava: “vão nos ‘fritar’ se tentarmos discutir isso, melhor não”.
Com efeito, quero longe de mim a ideia de levantar lição de moral. Tento aqui convocar as autoridades de tanto peso e repercussão, como o IDEC, o PROCON, o Ministério Público, a Defensoria, entre inúmeros outros, a fomentar ideias de melhoria do setor de saúde suplementar, estimular estudos de viabilidade dos contratos ou, alternativamente, obterem patrocínio para sustentar as operações que alguns sonham que poderiam acontecer de maneira graciosa. Seria lindo ver os médicos, hospitais, clínicas e laboratórios prestando serviços gratuitos à população. Ver os funcionários de um plano de saúde trabalhando sem cobrar nada de salário. Distribuição franca de remédios e materiais para tratamento dos pacientes. Ah como eu também queria!
Consumidor, não se engane, quem resiste a mudar o cenário atual dos planos de saúde, não quer o seu bem de verdade. Quer palanque. Ora, se está ruim pra todo mundo, por que lutar para ficar como está? Pense sobre isso, antes de desanimar com minhas duras críticas desse conteúdo.
Que tal, então, vir para o debate na dita audiência pública? Acho que ajuda mais. Eu estou inscrito, e você? Vai lá no link da ANS. Ta aí. Não debate quem não quiser.
Com informações da ANS, do Correio Brasiliense e do O Globo, Elano Figueiredo.
Sou empresário do setor de saúde suplementar como consultor de benefícios para empresas e famílias, há 37 anos, quando não havia qualquer regulação do setor, o que só ocorreu em 1998, com a Lei 9656.
Ao longo desses 25 anos de regulação, os usuários foram sendo beneficiados, pelo aumento do rol de procedimentos. Ocorre que por conta desses aumentos, os valores dos planos de saúde chegaram a um patamar que não se sustenta por mais tempo, e por isso se faz necessário que a sociedade discuta uma solução que atenda todas as partes envolvidas. Lembrando que saúde é cara em qualquer país do Mundo, principalmente por incorporar novas tecnologias e novos e caríssimos tratamentos com fármacos, cuja dose única chega…