Que a cooperativa pernambucana está insolvente, não há mais dúvida e nem o que prevê. Mas quando será que a ANS vai sepultar a Unimed Recife? Ao que parece, já deveria estar celebrando a missa de 7º dia. Será que o regulador vai novamente cochilar com uma empresa de saúde do Recife e deixar os beneficiários em dificuldades?
Vamos aos números oficiais:
Segundo o Power BI da ANS, a Unimed Recife acumula resultados negativos, seguidos, desde o 2º trimestre de 2021. A partir dali a operadora não esboçou nenhuma reação. A sua operação dá prejuízo mesmo com a aplicação dos efeitos financeiros de seus ativos.
Até aqui, nenhuma novidade, já que estamos apontando essa derrocada há muito tempo. Mas o que preocupa de fato é que, pesquisando no site da ANS, não foi possível identificar nenhuma medida do regulador para corrigir a desgraça anunciada. Pode ser que haja, porque algumas providências são confidenciais, mas não posso afirmar.
Todavia, é muito estranho a Unimed Recife não estar em Direção Fiscal, se há mais de 40 meses apresenta evidentes sinais de insolvência, demonstrando que vai tombar. Talvez até já tenha passado do ponto de recuperabilidade.
Só esse ano, a operadora acumula 30 milhões de prejuízo operacional e quase 15 milhões de prejuízo líquido. A ANS está esperando o que?
Ao que ouvi falar, a última cartada da presidenta da cooperativa é contratar um prestigiado advogado para obter revisão técnica dos seus contratos. Isso implica dizer, portanto, que na melhor hipótese, vai sobrar feio para o consumidor, que terá o preço de suas mensalidades reajustadas extraordinariamente.
De seu lado, a ANS já "cortou as asinhas" da pretendente e transferiu o assunto para a Agenda Regulatória; o que enseja muita discussão com a sociedade ainda.
Ao final de tudo, mesmo se aprovada a revisão especial dos contratos, será que a Unimed ainda estará de pé?
Para piorar, exatamente no Recife, temos um histórico triste de insolvência em cadeia de operadoras, o que causou prejuízo sistêmico aos beneficiários. Unimed Guararapes, Real, Meridional, entre outras mais aventureiras ainda.
Atualmente, a mais nova armadilha para os consumidores pernambucanos foi maquinada pela Saúde Blue. Vendeu, vendeu e vendeu... depois reduziu drasticamente a rede de atendimento, dando sinais também de instabilidade. Mas essa página da história é pra mais adiante, porque o caso da Blue é assistencial.
Hoje nosso alerta é para um maior rigor econômico-financeiro. Então, Senhor Diretor da DIOPE, não seria razoável determinar urgentemente uma varredura econômico-financeira no Recife? Senão, a tragédia de 2013 vai se repetir. Bola cantada.
Elano Figueiredo é ex-diretor da ANS e fundador do Justiça e Saúde.
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