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elano53

Hapvida: o que está por trás do derretimento das ações da operadora de planos de saúde


Ações da companhia que fez várias aquisições recentes despencaram 84% em um ano, em meio à busca de alternativas de reestruturação financeira

A operadora de planos de saúde Hapvida viu suas ações despencarem 33,56% no pregão de ontem. Os papéis encerraram a sessão negociados a R$ 1,94, depois de terem entrado em leilão ao longo do dia.


Investidores reagiram à informação de que a empresa avalia fazer um aumento de capital para melhorar sua estrutura de capital — o que tende a jogar o preço das ações para baixo, com o aumento de papéis em circulação — além de vender ativos que não são relacionados a suas atividades principais.


Somente ontem, a empresa perdeu R$ 7 bilhões em valor de mercado. O montante equivale à metade de seu valor atual, de R$ 13,8 bilhões. Foi o capítulo mais recente de um período prolongado de turbulência na Bolsa. O cenário antes era outro.


A empresa havia anunciado a fusão com a NotreDame Intermédica, negócio visto como a criação de uma gigante no setor. Em fevereiro do ano passado, quando a fusão passou a valer, a empresa valia mais de R$ 90 bilhões na Bolsa. Em um ano, as ações da Hapvida acumulam queda de 84,14%. Em novembro do ano passado, houve troca de comando na cúpula da empresa.


— O que incomodou é que a empresa pode estar contemplando um aumento de capital com o papel nas mínimas históricas. Não é algo que os investidores gostariam de ver, teria um efeito negativo sobre as ações, e coloca dúvidas sobre os motivos para fazer esse aumento de capital — explica o analista de Saúde e Educação da XP, Rafael Barros.


A frustração dos investidores, porém, não começou ontem. Segundo Barros, há uma decepção do mercado com os resultados após a fusão com a NotreDame Intermédica:

— Essa combinação de negócios deveria trazer bastante benefício para a companhia e para os acionistas, mas ela tem demorado mais do que o mercado gostaria para aparecer nos números.


O último gatilho para a queda de ações, antes do anúncio de que avalia fazer um aumento de capital, havia sido a divulgação do balanço do quarto trimestre do ano passado, quando a empresa teve prejuízo de R$ 316,7 milhões.


Antes da combinação de negócios com a Notre Dame, a Hapvida já havia “ido às compras”. Em 2019, ela adquiriu o grupo de saúde São Francisco, além de outras operadoras menores.

Os analistas do setor de saúde da Genial Investimentos, Guilherme Viana e Luis Assis, destacam que a operadora comprou empresas que já enfrentavam problemas, o que dificulta o processo de integração de negócios e aproveitamento de sinergias.


— E quando você tem a empresa-mãe pressionada, conseguir integrar não é tão fácil. É um processo que deve ser gradual — afirmou Viana.


Analistas do Goldman Sachs afirmam que a companhia tem R$ 1,7 bilhão em dívidas que vencem neste ano e R$ 1,3 bilhão em 2024, além de incertezas em relação ao capital de giro e exigências de investimento de R$ 1,8 bilhão nos próximos dois anos.


Na visão dos analistas, não bastassem as dificuldades enfrentadas pela própria empresa na consolidação de uma gigante no mercado de operadoras de planos de saúde, o segmento tem enfrentado cenário mais adverso.


Segundo Barros, todas as operadoras têm sofrido com pressão elevada de custos e dificuldade de reajustar preços:


— Isso gerou ao longo do último ano uma compressão de margem no setor como um todo. Quando olhamos para outras operadoras, a situação tem sido até mais grave.


Maior uso do plano

No ano passado, o índice de sinistralidade, que mede a frequência do uso do plano de saúde, subiu para 72,9% na Hapvida no quarto trimestre. Isso significa um aumento de 8,1 pontos percentuais em relação a igual período de 2021.


Com a volta às atividades, quem tem plano de saúde voltou à rotina de exames e consultas médicas que haviam sido deixadas de lado no auge da pandemia.


Segundo os analistas do Goldman Sachs, uma atividade macroeconômica mais fraca daqui para frente pode afetar a empresa.


“Em um cenário de a aceleração do desemprego se desenvolver daqui para frente, o ambiente de adições líquidas de beneficiários para a empresa provavelmente ficará mais difícil”, afirmam.


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