As duas operadoras punidas pela ANS esta semana já estão em situação econômico-financeira desastrosa.
Analisando as demonstrações financeiras da Unimed FAMA (que reúne Unimed Boa Vista-RR, Unimed Belém-PA, Unimed Macapá-AP, Unimed Oeste do Pará-PA, Unimed Sul do Pará-PA e Unimed Rio Branco-AC), colhemos declarações assustadoras da Auditoria Independente, que me limito a transcrever:
“... a Unimed Fama apresenta ao final do exercício findo em 31 de dezembro de 2023, Patrimônio Líquido Negativo da ordem de (-) R$ 279.797.277, situação em que a coloca em condição de relevante desenquadramento de Patrimônio Líquido Ajustado (PLA) para fins de cobertura do Capital Regulatório exigido.
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A Unimed Fama vem indicando inconformidades econômico-financeiras advindas desde exercícios anteriores.
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Não obstante, apesar de requerido pela auditoria, a Administração da Unimed Fama não apresentou e não divulgou nas demonstrações contábeis, quaisquer planos e/ou ações voltadas à recuperação e regularização da situação econômico-financeira da Cooperativa.
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Diante do exposto, os assuntos ora descritos levantam dúvidas relevantes quanto à capacidade de continuidade operacional da Unimed Fama.”
Já a MEDICAL, com razão social SANTO ANDRÉ PLANOS DE ASSISTÊNCIA MÉDICA LTDA., sequer disponibiliza em seu site as demonstrações de 2023. Mas a auditoria de 2022 apresentou dados bem ruins:
“Continuidade Operacional: Em 31 de dezembro de 2022, a Operadora apresenta capital circulante líquido negativo na ordem de R$ 63.439 mil, prejuízo no exercício na ordem de R$ 36.644 mil e prejuízos acumulados de R$ 112.203 mil e passivo a descoberto de R$ 6.360 mil. A Operadora encontra-se sob regime de direção fiscal e direção técnica por parte da ANS, visando o acompanhamento econômico financeiro da mesma.
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Ativos Garantidores e Margem de Solvência: Em 31 de dezembro de 2022, a Operadora possuía insuficiência de ativos garantidores para lastro das Provisões Técnicas, conforme cálculos e critérios estabelecidos pela ANS. Apresenta ainda, insuficiência de Margem de Solvência.”
Portanto, meus caros beneficiários destas operadoras, sugiro arrumarem as malas.
Os apontamentos de auditoria independente, alinhados com a realidade fática constatada no programa de monitoramento assistencial da ANS, são suficientemente claros para mostrar o rumo dessas instituições.
Por último, aos que sempre criticam nossos textos sobre Unimed, deixo mais algumas evidências sobre o efeito dominó.
Por favor, visitem o site da Unimed FAMA para conferir a história:
“A Federação das Unimeds dos Estados da Amazônia – FAMA surgiu com a fusão, em 2006, da Federação das Unimeds da Amazônia Ocidental – FAMOC e da Federação das Unimeds da Amazônia Oriental – FAMOR. Naquele momento, o intuito daqueles médicos corajosos e sonhadores era construir uma instituição para representar as Unimeds da Região Norte, no cenário nacional.
Hoje esse sonho é realidade, a FAMA tem uma carteira expressiva, diluída em 5 Estados da Região Norte: Amazonas, Amapá, Pará, Acre e Roraima. Uma empresa empreendedora e atuante no Mercado, capaz de vencer os desafios do Sistema, sem deixar de lado os princípios cooperativistas que a guiam.”
Em outras palavras, aquelas Unimeds singulares foram enfrentando dificuldades, uniram-se em federações, que também enfrentaram crises e se fundiram. O bolo formado foi de 2 federações e 6 cooperativas, sob o manto de uma 3ª federação. Ao que indica, todas indo para o buraco.
É como eu digo: a culpa não é da máquina, mas das pessoas que a operam. Tem jeito sim, se fizer da maneira certa.
Para mais detalhes, deixe sua dúvida ou observação e use o chat do Justiça e Saúde.
Elano Figueiredo, autor do artigo, é ex-diretor da ANS e especialista em sistemas de saúde. Assina esse conteúdo como Fundador do Justiça e Saúde.
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